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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Romance: Batalhas do Novo Mundo - Cap. 03

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Livro 1 - Conspiração
Arco I - Vilarejo Koonji
Cap. 03 - A Noite Mais Longa

Mansão do conde Sethof, terceira hora do breu.
Os aventureiros foram levados para o celeiro da mansão dos Sethof para que pudessem passar a noite. O jovem Jacques estava impressionado com a seriedade de seus dois companheiros, principalmente Vëon que de uma hora para outra começou a se interessar mais pelo estranho caso. O gênio permanecia com o semblante serio, como se estivesse aguardando pelo pior, enquanto o orc assoviava ao afiar seu incrível machado.
A lua no lado de fora estava tão forte quanto o sol, e transmitia uma claridade pelas frestas do celeiro. Na rua o silencio aumentava o clima de suspense, sendo vez que outra cortado pelos latidos dos cachorros do conde, esses sendo os únicos momentos em que Vëon levantava a cabeça e Morn parava de assoviar.
As horas estavam passando devagar, e Jacques resolveu contar as madeiras do celeiro. Neste momento passou por uma das frestas um vulto muito grande, que fez Jacques pensar o que Morn havia ido fazer na rua, mas ao se virar ele percebeu que o meio-orc permanecia ali, de pé e com o machado em mãos. Vëon havia se levantado com um pulo e puxado sua besta leve.
O silêncio durou o que parecia uma eternidade, mas logo veio o grito que trazia o anuncio: a fazenda estava sob ataque.
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Mansão do conde Brins, quinta hora do segundo sol (quatro horas antes).
A frase dita por Morn provocou uma apreensão inacreditável na sala. Como ele poderia falar com tamanha facilidade em acabar com a fera?
Vëon rompeu o silencio:
-Senhores, eu também gostaria de verificar o local do último ataque. Talvez possamos encontrar algumas informações importantes.
-Eu já desconfio do que iremos enfrentar -falou Morn- E tenho certeza que os senhores também sabem.
Os condes se olharam por um momento, então o conde Brins falou:
-Vamos até a fazenda do senhor Sethof, lá os senhores poderão verificar todas as marcas.
O trajeto entre ambas as fazendas era longo e eles seguiram costeando a floresta. Em vários pontos existiam trilhas para dentro da floresta, em alguns tinham arvores caídas ou arrancadas, algo grande demais para um simples lobo.
Jacques parecia o mais preocupado do grupo, aquilo já estava indo além da simples missão de matar um lobo. Aquilo estava perigoso demais para um ladino iniciante. Mas o grande desespero do ladino veio quando eles chegaram à fazenda atacada.
Desde o caminho da floresta ate a entrada da casa estava tudo destruído. Na saída da floresta tinham três arvores que haviam sido arrancadas do solo com raiz e tudo, uma delas tendo sido arrastada metade do caminho. As cercas já não existiam mais, a escada da varanda estava quebrada como se algo pesado tivesse subido por ela. Na porta, marcas de arranhão na altura do peito de Morn.
Vëon pediu para ver marcas anteriores a este ataque e os fazendeiros levaram o grupo ate um dos estábulos. Ao chegarem lá, encontraram uma situação completamente diferente. Nas escadas haviam grande marcas de patas, mas nada que quebrasse os degraus. Já a porta não estava tão danificada, e ao invés de tentar força-la, a criatura simplesmente cavou por baixo.
Então Morn falou o que todos estavam pensando:
-Olha, ou foram bichos diferentes que atacaram a fazenda, ou eu posso dizer que esse animal cresceu demais nos últimos dias.
Vëon permanecia em silêncio verificando cada marca e detalhe:
-A fera não atacou nenhum animal durante esta ultima noite?
-Que eu tenha dado falta não, estas marcas são todas antigas. -respondeu o conde Sethof
-Então ele não veio se alimentar, ele atacou a casa de propósito. -respondeu o gênio, e virando-se para Morn completou- Ele vai voltar essa noite.
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Mansão do Conde Sethof, atualidade.
Morn foi o primeiro a sair, quase derrubando a porta do celeiro, logo atrás já vinha Vëon com sua besta já preparada para o disparo, por fim o apavorado Jacques que corria em direção a sua primeira batalha. Várias coisas passavam pelas cabeças do trio, mas nenhum deles estava preparado para a visão que tiveram.
De pé na varanda havia uma criatura maior que um urso, com o corpo coberto de pelos, em uma de suas poderosas garras estava o corpo do conde Sethof. Ferozmente, o monstro arrancou o pescoço do conde com sua mandíbula, e com o rosto sujo de sangue ele encarou os aventureiros de forma desafiadora. Seus olhos vermelhos como fogo foram capazes de amedrontar até mesmo o experiente Orc. Mantendo-se sobre duas patas estava um gigantesco lobo branco,
A fera jogou de forma violenta o corpo falecido do conde contra o grupo. Ignorando completamente a mulher que chorava no chão, a fera desceu as escadas e caminhou calmamente em direção aos aventureiros, com certo ar de deboche.
Jacques não acreditava no que via com seus olhos, ate que um grito de Vëon o acordou de seu transe. O lobo estava agora sobre as quatro patas e corria velozmente em direção ao grupo, em contra partida Morn corria com seu machado para atacar a fera. Vëon estava do lado do apavorado Jacques tentando traze-lo a realidade.
-Você não tem como sobreviver com sua adaga, pega a minha besta e tente acertar esse bicho. -disse o gênio entregando sua arma para Jacques- eu preciso de tempo e acho que o Morn não vai segurar ele muito.
O gênio se abaixou, fez uma pilha com uns galhos e algumas folhas, falou algumas palavras em élfico e de dentro saiu um bichinho verde de aproximadamente vinte e cinco centímetros, era um mini-elemental.
Enquanto isso Morn tentava acertar o monstro com seu machado, mas a velocidade da fera era incrível. O elemental saiu correndo em direção ao lobo e acertou um soco na panturrilha da fera. O monstro urrou por um momento e deu um tapa que destruiu a invocação. Porem esse momento era o suficiente para abrir uma brecha suficiente para que o meio-orc atacasse o monstro com um corte rápido no peito. A fera foi arremessada para longe com o golpe, e agora escorria sangue de seu tórax. Mas isso não diminuiu o ímpeto do monstro, que investiu contra Jacques.
Vendo o monstro partir em sua direção, o ladino começou a correr desesperadamente em direção a floresta, mas tropeçou no meio do caminho e deixou a besta cair de sua mão. Rapidamente ele tentou engatilhar novamente a arma, mas o lobo já estava quase em cima dele. Jacques procurou desesperadamente por seus companheiros, Morn estava correndo em direção à fera, mas não a alcançaria a tempo, Vëon estava em uma espécie de meditação, completamente alheio à batalha. Seria mesmo o seu fim? Rapidamente ele procurou em seu bolso por sua adaga da sorte.
-Se eu vou morrer ao menos uma parte de você eu levo comigo. -gritou o ladino enquanto investia em direção ao lobo.
Mas um zunido passou rápido por seu ouvido, e um virote acertou fortemente o peito do lobo que não teve tempo para desviar e acabou sendo arremessado para trás.
Rapidamente o ladino se virou procurando por seu salvador. Na entrada da floresta estava parada uma pessoa vestindo uma longa capa com capuz. Com apenas uma mão ela segurava uma besta leve.
Neste momento Morn soltou grito, o lobo novamente vinha em direção de Jacques, mas dessa vez ele ignorou o ladino, o foco agora era o novo atacante. Ou estaria desesperado tentando fugir para a floresta?
O misterioso aliado guardou sua arma dentro da capa, sacou uma espada longa e desferiu um violento golpe no desesperado lobo. Logo atrás já estava o meio orc com seu machado, ele tentou decepar a cabeça do monstro, mas este foi mais rápido e o atacou com suas mandíbulas no estomago. O ataque foi tão forte que Morn caiu de joelhos no chão, mas antes que o lobo pudesse atacar novamente, Jacques disparou dois virotes que erraram o monstro.
Gravemente ferida, a fera tentou uma fuga para a floresta, mas duas bolas de fogo explodiram em suas costas. Próximo ao celeiro estava Vëon, suas mãos estavam com um brilho vermelho. O gênio veio flutuando em direção ao combate, deixando todos intimidados com a sua incrível presença. Ele parou próximo ao apavorado lobo, que agora parecia mais um cachorro medroso. Os olhos do lobo se tornaram pretos, e seu corpo encolheu, ficando próximo ao tamanho de um lobo normal. Vëon colocou sua mão incandescente na cabeça do lobo, mas para a surpresa de todos os espectadores ele não pegou fogo.
-Não era um encanto muito poderoso, só a minha presença já o desfez -falou o feiticeiro, e se voltando ao lobo ele sussurrou- Eu lhe perdoo.
Neste momento todo o corpo da fera pegou fogo, mas o lobo permaneceu em silêncio como se aceitasse sua punição.
O silêncio durou alguns minutos ate que Vëon se virou para o estranho encapuzado e falou:
-Eu sei que você era o viajante que estava na taverna esta manhã. Se apresente, ou irei considera-lo inimigo.
-Calma jovem feiticeiro, nunca que eu iria querer enfrentar um dos gênios da Academia Arcana. -respondeu o homem.
Ele se aproximou do grupo e retirou seu capuz, revelando um longo cabelo cor de ouro, olhos verdes e pontudas orelhas.
-Por Ragnar, um elfo. -bradou Morn- Não é de se espantar que tenha acertado aquele tiro com apenas uma mão durante a noite.
-Muito obrigado pelo elogio e me desculpem por tê-los espionado, mas eu precisava verificar a situação. -respondeu o elfo. - Em me chamo Gwenhwyfar, e assim como vocês, recebi uma carta me convidando para esta missão.
Essa ultima frase foi um baque para o grupo de aventureiros. Com Gwenhwyfar o grupo formava quatro membros, assim como o conde falou no primeiro dia.

Continua...
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